segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ESPÍRITO "SÃO TIAGO"





Morto aos 49 anos, o cinegrafista da Rede Bandeirantes foi mais uma vítima de um país que sofre pela incapacidade política - de seus governantes - de proporcionar ao seu povo um país digno e uma educação mais qualitativa e menos quantitativa.
"SÃO TIAGO", assim mesmo, para estabelecer duplo sentido, foi mais um entre tantos, não será o último infelizmente.
Num país que não oferece ao seu povo os pilares da cidadania- saúde, educação, moradia de qualidade- peca ao distribuir aos quatros cantos do território nacional verbas ineficazes e escassas, dificultando a criação de uma sociedade ética, incapaz de perceber o outro diante de si e repleta de pseudo-preconceitos, quando aquele que aponta é o menos propício para tal ato.
Num país que prende em postes, "possíveis menores mal-feitores negros e pobres", justifica-se relatando aos quatro cantos que tal ação é necessária e é uma resposta da sociedade para a sociedade. A Lei Áurea foi promulgada, mas o chicote, a chibata ainda ecoa seu barulho sangrento pelas vias urbanas disfarçando-se de país democrático e de povo acolhedor.
O repórter e sua morte são símbolos "VIVOS" de um país deficiente na capacidade de pensar, de ler, de educar-se. Uma população que esquece do outro, que marginaliza quem há anos é marginalizado, que não oferece condições justas, igualitárias de escolaridade, num país onde o "SABER", o "ESTUDAR", o "RESPEITAR" são efetivamente esquecidos, na verdade, são inexistentes, culpa do nosso poder democrático e vazio, que enche a população de promessas eleitoreiras e que somem como a fumaça dos cachimbos de crack espalhada pelas avenidas, pela periferia das grandes cidades e pelo interior, culpa nossa que na quimera de domingo nos jogos de futebol - que também esquecem de olhar o outro porque a camisa é diferente - somos embriagados pela dose de cachaça ou pela cerveja gelada vendida indistintamente nos locais públicos, culpa nossa que nos deixamos embriagar-nos.
Se tivéssemos o hábito americano dos obituários, o do cinegrafista seria simples, humano, amoroso e triste:
" Santiago Andrade, morto aos 49, vítima do próprio povo que representava, vítima de um país deseducado, desumano, preconceituoso e injusto, vítima de todos nós."
Como dizia o escritos italiano Edmondo de Amicis: " A educação de um povo se julga antes de tudo na rua."
RENATA CHAVES GENTIL

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