sábado, 2 de agosto de 2014

CARTA AOS MESTRES

Queridos João, Rubem, Ariano,

os senhores que me desculpem, mas esta carta é uma reclamação (já saudosa) e triste, pois os senhores partiram de repente, tão de repente que ainda sinto suas palavras movimentando-se dentro de mim e provocando sensações únicas.
Numa época tão efêmera, desconcertante e inculta, os senhores foram cedo demais, minha retórica não se baseia em anos vividos pelos digníssimos senhores, contudo pelo buraco literário que se faz presente hoje.
Além de mim, creio que "A PALAVRA" deve estar em prantos, tão bem utilizada pelos senhores, este segmento linguístico tão maltratado nos dias de hoje por boa parte da população, sofre de seca produtiva. Os senhores forneceram a mim e a pessoas que conheço e não conheço relações amorosas desconcertantes com palavras tão bem escritas, tão marcantes e tão concretas, mesmo que no papel, substancializaram minha vida de tal forma, que me salvaram mais de um par de vezes.
Confesso que a insatisfação da partida dos senhores não é só minha, durante esses últimos dias vi, revi manifestações de saudades e homenagens, nada mais justo, aliás, que mal nós, brasileiros, temos de prestar homenagem aos que foram, enquanto tantos vivos brilhantes ainda nos cercam de palavras tão "BENDITAS".
Além disso, também gostaria de lembrá-los que ficarão em mim, cravados, marcados, incrustados, os senhores me deram um tempo que não passa, uma palavra que não morre, histórias que não serão esquecidas e personagens ímpares que jamais serão sequer maculados pelo novo, diante de tantas abreviações linguísticas, os senhores me cobriram de amor linguístico.
Mesmo raivosa, despeço-me feliz e agradecida, acima de tudo.
Obrigadas, assim mesmo no plural, pedindo licença para essa apropriação que fere uma língua tão amada e cuidada pelos três, mas, assim como na vida, na Literatura cabe à licença poética dizer o indizível, imaginar o inimaginável e proporcionar - por meio da palavra - a sensação mais doce e inteligente do mundo: A LEITURA!
Abraços saudosos,
Renata Chaves Gentil

Quando para "Nós" existe o "MAS" !





Meu posicionamento em relação a Copa do Mundo ser realizada aqui no Brasil, não mudou, ainda é o mesmo, mas torci imensamente para que tudo desse certo e da melhor forma possível.
Não sou esse tipo de brasileiro irônico que cultua a derrota e que torce contra, pelo contrário, visto a camisa mesmo e de quebra ainda me enrolo na bandeira.
Mas, nossa Copa foi repleta de MAS, isso mesmo, foi composta dessa conjunção coordenativa que indica, na maioria das vezes, uma contrariedade , que no nosso caso, se assemelha ao número sete e quiçá ao número três.
Mas quase chegamos, quase nossas obras de mobilidade ficaram prontas, quase conseguimos o tão sonhado título.
Mas se o Felipão tivesse mudado o time? Mas se o Neymar não tivesse se machucado? Mas se não tivéssemos perdido de sete da atual campeã? É preciso que saibamos que uma Copa do Mundo não se faz de "MAS", não dentro de campo.
Começamos errados quando vaiamos nossa Presidente, mesmo sendo contra a qualquer política pública, eu jamais a vaiaria, já disse isso anteriormente, a construção de um ser político deve ser mais profunda, mais sistemática, é estranho vaiar um governo que proporciona a sua possibilidade de assistir a uma Copa no quintal de sua casa, mas....
Ganhou quem mereceu, quem foi melhor, quem trabalhou melhor, que se comprometeu há anos, quem fez trabalho de base, quem deixou um rastro de trabalho, comprometimento, humildade, educação e coisas boas por onde passou, os moradores de Cabrália que o digam.
É preciso que aprendamos com o melhor, com a melhor na verdade, que tenhamos consciência que nosso jeitinho brasileiro não é mais suficiente, bem como nossa capacidade de gerar astros futebolísticos, precisamos de trabalho, planejamento, investimento, compromisso, empenho, dedicação, precisamos de construção.
Nossa seleção, assim como nosso País, precisa compreender a importância da EDUCAÇÃO, de leitura, da cultura, do compromisso, da importância do engajamento político diário, da luta contra a corrupção, do compromisso dos governantes e que, acima de tudo, que nós possamos compreender que um CAMPEÃO não se faz da noite para o dia, como nação precisamos crescer muito, e como SELEÇÃO também.
Que nosso futebol passe a respeitar a camisa adversária, que nossos campeonatos tenham menos violência, que nossa Confederação mude, se renove, seja menos corrupta e repleta de favorecimentos e que Nós- brasileiros- possamos compreender a importância da educação, da seriedade e da garra, talvez assim, possamos nos tornar uma grande nação e uma grande seleção.
Tudo poderia ser diferente com uma Copa em casa, MAS...
Renata Chaves Renata Gentil

Herzlichen Glückwunsch, Deutschland!

PS- O meu carinho aos brasileiros que proporcionaram uma Copa tão magnífica e o meu pesar aos que morreram para que esta Copa se concretizasse.