segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ESPÍRITO HEBE CAMARGO


A minha primeira lembrança que tenho da Hebe surge para mim, ainda na infância, às segundas, já sonolenta, deitada ao chão de um quarto, via a apresentadora adentrar o cenário do SBT sempre chiquérrima!
Depois de tanto tempo sem escrever no Blog (não pensem que eu o abandonei), e pensando no que eu poderia escrever, ou sobre o que eu poderia escrever, venho até aqui não para escrever sobre a morte , mas sim sobre a vida. A vida larga, com o sorriso vibrante, solto e persistente que teimava em permanecer no rosto, mesmo quando as coisas não iam tão bem.
Antes da artista renomada e reconhecida nacionalmente e quiça, porque não, internacionalmente, a figura ímpar se desdobra,antes de tudo na figura mítica feminina vinda do interior do Estado de São Paulo na década de 1920, quando a mulher era a sombra constante, muda, conformada do homem , na sua condição de figura mais importante da regência social e caseira da sociedade brasileira. Hebe falou, enfrentou, manifestou-se, foi!
Foi cantora, apresentadora, atriz, foi política e politizada,reclamou, questionou, cobrou, indignou-se, foi mãe, amiga, madrinha, tia, companheira, esposa, foi sorriso, foi Lolita, foi Nair, foi Marcelo, foi Claudio, foi Lelio, foi Tom, foi Fausto, Foi Claudia, foi Carlos Alberto, foi Aguinaldo, foi Roberto Carlos, foi Astrid, foi Adriane, foi Silvio Santos, foi Xuxa, foi Gabi, foi eu, foi você, foi sua mãe, sua tia, sua avó, sua irmã, foi!
Toda a história da TV, nos últimos anos, se confunde com a própria história de Hebe, dos seus programas, dos seus selinhos, das piadas, da sua participação no Teleton, e em outros projetos de caridade, a Hebe ajudou a construir tantas outras histórias que ela se confunde com a história do nosso país.
Pela força constante, pela alegria contagiante, pela fé inabalável, pelo espírito festeiro, justo, bom, humilde, chique, terno, profissional, falante, glorioso, ela fará falta sim! Essa história de que ninguém é insubstituível é papo furado, ninguém consegue substituir outra pessoa,ninguém!
Espero que ela não tenha sofrido muito, que sua partida tenha sido leve, assim como sua vida e seu espírito, ouvindo Cartola esses dias, lembrei da música "A vida é um moinho", e pensei no que o Antonio Fagundes disse no Programa do Faustão: "Temos que deixar de lado nosso egoísmo...", Antonio e Cartola, ambos são portadores da razão, mas quando se trata de amor, de saudade, de fé, a razão é totalmente dispensável, portanto citarei Cartola, de todas as declarações de amor e amizade que vi esses últimos dias em relação à pessoa da Hebe, encerro minha singela homenagem da seguinte forma:
"AINDA É CEDO AMOR, MAL COMEÇASTE A CONHECER A VIDA..."
Para quem parte, sempre é cedo!
Hebe, você era mais do que uma GRACINHA!
Obrigada,
Renata Chaves Gentil.