domingo, 27 de novembro de 2011

SAUDADE VAGABUNDA



Essa palavrinha doce e amarga que todo mundo vive "reclamando" pela vida vem do Latim (idioma arcaico, que ajuda a gente a entender um pouco a nossa língua), "solitas, solitatis" que significa solidão!
A saudade, de todos os sentimentos, é um dos mais vagabundos que conheço e ela vive dando rasteira no coração da gente. Por exemplo, você acorda super bem e sai toda feliz, pensando que seu dia será PERFEITO e de repente um ser humano qualquer que você nunca viu na vida resolveu que naquele dia ele iria usar o perfume do grande amor da sua vida...pronto, você fica ACABADA! Lembra do beijo, do abraço, do gosto, do sorriso, do filme que viram juntos, da mão que tocava você por nada e que deixava você mole, ... simplesmente lembra!
Saudade é assim, impregna a alma e dilacera o coração, saudade incomoda! Mas a gente vive com ela o tempo todo, não tem jeito, às vezes fico pensando se existe uma possibilidade de nos livrarmos da saudade e sempre chego a doce e irônica conclusão que a saudade alicerça nossa alma e embala o ritmo do nosso coração errante, que teima em bater saudoso de um tempo, de um grupo , de um lugar, de uma pessoa, de uma festa, de um ente querido, ele teima, teima e continua batendo descompassado, em ritmo vagabundo que ninguém, por hipótese alguma, consegue fazê-lo mudar.
É esse ritmo que alimenta nossa esperança cotidiana, que faz a gente rir de histórias da época da faculdade e do colégio, que faz a gente lembrar de um amor perdido e faz a gente ligar pro amor atual, que faz a gente olhar para uma foto e chorar porque alguém não está mais entre nós,que simplesmente faz!
Então decidi não brigar mais com essa saudade vagabunda e nesse final de ano vou me permitir sentir saudade de tudo e todos que foram importantes para mim por algum motivo, por algum detalhe, por algum cheiro, por alguma palavra, por algum gesto, por alguma aventura, por algum livro, por algum beijo, por algum sorriso, por algum...
Vou me permitir sentir saudade da minha infância maluca e repleta de histórias sensacionais, vou sentir saudade dos meus avós que não estão mais aqui,vou sentir saudade do doce de leite da minha avó, sentir saudade dos meus amigos de escola, sentir saudade da minha turma da faculdade, sentir saudade do Balão Mágico e do Show da XUXA, sentir saudade dos meus amigos distantes, sentir saudade das pessoas que passaram pela minha vida, sentir saudade do meu cachorrinho, sentir saudade do meu amor (sempre), saudade das conversas jogadas fora e que eu sempre morro de rir, vou simplesmente sentir essa saudade vagabunda que me moldou por completo!
E se eu pudesse ter escrito alguma coisa sobre SAUDADE queria ter escrito o que a Clarice (a Lispector) escreveu, pra variar sempre ela:
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Acho que é por isso que eu vivo MORRENDO DE FOME, tenho fome de gente, de amor, de risos, de lágrima (elas são necessárias, mas só de vez em quando), tenho fome de FÉ, de beijo, de abraço, de bondade, de respeito, tenho fome de UM MUNDO MELHOR!
RENATA CHAVES GENTIL

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