domingo, 26 de fevereiro de 2012

DOR VAGABUNDA



Todas as dores são vagabundas!
Vagabundas e errantes, fazem-nos errar pelo caminho adverso do sentir e do sofrer singular, quem não sente dor não está vivo, acho que alguém disse isso, alguma vez!
As dores nos ensinam, infelizmente, queria eu, por ventura, na felicidade e na alegria aprender como aprendo na dor, na saudade, na tristeza, na lágrima.
As piores dores não são as físicas, para isso os remédios, os psicotrópicos farmacêuticos, sei que ainda existem dores físicas insuportáveis, injustas, egoístas, algumas dores covardes, são dores duras sim, mas as dores da alma, essas são, muitas vezes, incompreendidas, amargas, solitárias, penosas,invisíveis.
Chorar por um cão que já se foi, por um amigo que vai se mudar, por um ente querido que já não está mais entre nós, chorar por uma separação, por uma traição, descabelar-se por um amor não correspondido, por um amor que está longe de você mas dentro do seu coração impregnado na alma, na pele, no gosto do beijo, no abraço apertado, no riso acidental, na conversa informal, no cheiro,na saudade chata e egoísta que não dá trégua quase nunca.
Dores nos tiram de foco, tiram nossas forças, nossa visão de futuro e tudo o que importa é o agora. A dor que sentimos agora, a pessoa que não está conosco agora, a saudade que sentimos agora, o arrependimento que sentimos agora, a falta que sentimos agora, o desejo de voltar no tempo agora, o beijo que queremos receber agora e não podemos, o cheiro que queremos relembrar agora e não conseguimos, o desejo de abraçar agora, o desejo de sumir agora.
Algumas dores são causadas por nós mesmos, quando deixamos algo ruim acontecer ou quando somos os culpados pela nossa própria dor. Para isso devemos antes de tudo nos perdoar para seguirmos em frente, perdoando-nos temos a possibilidade de sermos perdoados, talvez, aquela dor seja necessária naquele momento pra gente ver o que estava de errado, ou para pararmos e começar de novo. Começar de novo não é ruim, não significa que estamos desistindo, significa apenas que estamos nos dando mais uma chance e que muitas vezes precisamos receber uma nova, para abraçar de novo, beijar de novo, sentir de novo, amar de novo, novamente!
Mário Quintana, o grande pequeno poeta de frases e poesias curtas, num de seus grandes pensamentos revela: "Tão bom morrer de amor e continuar vivendo." , diz tudo, diz tudo com tão poucas palavras, diz o que muita gente não consegue compreender, vivemos morrendo de amor!
Morremos de amor todos os dias, quando beijamos, quando abraçamos, quando sentimos saudades, quando perdoamos um amor, quando ligamos para o nosso amor, quando sentimos falta de um amor, quando queremos um amor, quando damos mais uma chance para o amor, em todas essas vezes estamos morrendo de amor. Mas, essa morte não dói, alimenta a alma, prepara o coração para a felicidade!
E ao morrermos de amor, nossa dor vagabunda nos dá um significado de existência e pluraliza nossa capacidade de amar, tornando-nos capazes de recomeçar novamente para renascer das cinzas como a boa e velha FÊNIX, prontos para amar novamente, mesmo que para isso, tenhamos que sentir uma DOR VAGABUNDA!

RENATA CHAVES GENTIL

3 comentários:

  1. Boa visão,acho que apesar das feridas que causa,a dor nos torna fortes.Muuuito bom!

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  2. Obrigada pelo comentário, sei que as pessoas acabam lendo os textos mas nunca comentam! Pois é, dores são vagabundas mesmo!

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  3. É imprecionante como sempre que leio o que vc escreveu de novo renata aquilo sempre toca o meu coração e parece que vc está falando só pra mim!

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